"No ateliê, cada gesto inaugura um novo universo de possibilidades. Entre traços e silêncios, há um momento inadiável: o instante da impressão. É nesse ponto que o diálogo entre a ideia e o suporte se torna decisivo, pois minha expressão só atinge sua plenitude quando, finalmente, ganha vida em um papel. Esse suporte não é neutro: ele envolve e reverbera a mensagem, afetando o que os olhos veem e o que a imaginação pressente.
Por isso, a escolha criteriosa do papel vai muito além de um simples gosto estético; ela aprofunda o diálogo entre obra e espectador. Em meu trabalho, cujo cerne está no imaginário, nos enigmas visuais e na suspensão de certezas, não bastaria um suporte qualquer. Eu buscava algo que, além de reproduzir textura e relevo com rigor, pudesse manter a solidez das cores, resistir ao tempo e oferecer uma superfície capaz de acolher tanto a precisão técnica quanto a inquietação poética. Foi assim que cheguei aos papéis da linha Canson Infinity Arches.
O Canson® Infinity ARCHES® Aquarelle Rag 310 g/m² – Mate adiciona uma camada quase tátil à experiência. Sua gramatura robusta confere ao trabalho um corpo físico palpável, enquanto o acabamento mate realça as nuances de cor, sem reflexos que desviem a atenção do essencial. A textura levemente granulada, inspirada na tradicional técnica de papel para aquarela, cria pequenas variações que realçam os contrastes e a sensação de tridimensionalidade. Além disso, trata-se de um papel 100% algodão, livre de ácidos (acid-free) e com pH neutro, o que garante durabilidade e fidelidade ao longo do tempo — não apenas para a imagem, mas para a intenção embutida em cada traço.
Nesse processo, há também um desafio técnico: a calibragem correta das cores e a preservação das sutilezas tonais que compõem minha poética visual. A qualidade de impressão proporcionada por esse papel permite que as sombras, os meios-tons e as texturas sejam reproduzidos com nitidez, ampliando a sensação de profundidade e tornando visível aquilo que, muitas vezes, se esconde no limiar entre o imaginado e o observável. Em outras palavras, a impressão não é apenas um ato de finalização: é a consolidação de uma dimensão.
Essa dimensão convida o público a atravessar as fronteiras do evidente, participando de um diálogo silencioso — não só com o que se vê, mas com o que se agita dentro de cada um. A escala escolhida, aliada à superfície certa, faz com que a obra e o espectador se encontrem em um espaço físico e simbólico ao mesmo tempo. Há, naturalmente, cuidados adicionais: controlar umidade, temperatura e iluminação, por exemplo, para que a impressão mantenha sua integridade. São fatores práticos que sustentam uma experiência artística mais densa, onde o suporte não serve apenas de fundo, mas de amplificador da mensagem.
Em última instância, é nesse equilíbrio entre intenção poética e rigor técnico que o papel se transforma em algo vivo. Ele participa da obra como elemento indissociável do que desejo compartilhar: a abertura de uma brecha no real, onde as certezas se diluem e o novo pode emergir. É nessa cumplicidade entre gesto, papel e impressão que tudo se realiza — e, assim, cada imagem adquire a potência de semear dúvidas, assombros e possibilidades que vão além da superfície."
Uiler Costa-Santos 1983, vive e trabalha em Salvador (BA) É artista visual e educador. Através da fotografia e do estudo das imagens sua pesquisa propõe uma interlocução entre o imaginário da paisagem e as políticas de redistribuição do sensível por parte da abstração. Sua produção toma a imagem como veículo estético ao utilizá-las como instrumento que fornece ao corpo diferentes experiências de percepção a partir de espaços comuns e cotidianos, devolvendo a ele possibilidades de imaginação político-geográficas. Desde 2017 o artista se dedica a série “Sizígia”, pesquisa executada através da fotografia aérea no canal de Itaparica, região da costa baiana, onde acompanha diferentes relevos e movimentos da maré construindo novas formas de apreensão da paisagem local. Em 2022 realizou as exposições individuais “Cosmologia da maré baixa”(Galeria babel-SP) e “Coroas” (Museu de Arte da Bahia-BA). Entre suas exposições coletivas, destaca-se a participação na Bienal de Fotografia Rencontres de Bamako 2022-2023. Desde 2015 ministra cursos de formação em fotografia com ênfase em técnica e pesquisa poética, como a oficina “O caminho surge caminhando: Memória, Pertencimento e Imaginação em projetos artísticos No SESC do Paço (Curitiba). Seu trabalho artístico é representado pela Paulo Darzé Galeria (BR), Babel (BR/USA) e São Mamede (PT).
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